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Educação: direito ou privilégio?

  • Foto do escritor: Jornal Informes
    Jornal Informes
  • 31 de mai. de 2021
  • 2 min de leitura

OPINIÃO


Por Helena Cardoso



Em algumas famílias, irmãos precisam dividir aparelhos eletrônicos para acompanhar as aulas à distância.




Atualmente, muito tem se falado sobre elitização da educação. Mas o que esse termo significa? Em teoria pode-se dizer que é a “educação para as elites”, mas de forma prática essa elitização ocorre quando pessoas de classes sociais mais baixas têm sua educação negligenciada. Ao contrário do que muitos pensam, esse não é um problema recente, mas ocorre há muito tempo e por meio de diversos fatores. Entre eles encontram-se a falta de investimento e precarização do ensino de escolas públicas brasileiras, a distância entre comunidades pobres e escolas, e a falta de transportes que realizem esse trajeto. Outro ponto a se considerar é que a maior parte das pessoas que deixaram a escola (39,1%) o fizeram pela necessidade de trabalhar, dado apresentado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e divulgado em julho de 2020.


A elitização da educação não se resume apenas à vida escolar, mas contribui para a manutenção de um sistema que sempre dará mais privilégios a quem já possui tantos. Esse é um problema estrutural, pois o indivíduo recebe uma educação inferior, o que faz com que muitas vezes não consiga ingressar no ensino superior, e consequentemente suas chances no mercado de trabalho são reduzidas. E dessa forma o ciclo se repete, pois os descendentes dessa pessoa possivelmente terão o mesmo futuro.


É fato que o surgimento da Covid-19 intensificou diversos problemas sociais, e a educação não está isenta. A pandemia forçou o ensino a passar do modo presencial para o virtual, e por mais que essa mudança tenha afetado estudantes de todas as classes sociais, os que mais sofrem com ela são alunos de baixa renda. Isso porque, para acompanhar as aulas dessa modalidade, é necessário no mínimo possuir internet e um dispositivo para acessá-la. E por mais que falar em falta de acesso à internet nos dias atuais possa soar absurdo para alguns, a Pnad divulgada em abril do ano passado mostrou que um em cada quatro brasileiros não dispõe desse serviço, e a maior parte vive em áreas rurais e periféricas. Além disso, nem todos os domicílios brasileiros têm acesso a aparelhos eletrônicos.


Há algumas semanas, vi a história de uma família que possuía apenas um celular, mas que todos os cinco irmãos precisavam usá-lo para assistir suas respectivas aulas. Presos em nossas bolhas, é difícil perceber que nossa realidade não é a mesma que a de alguns, e que infelizmente a história dessa família não é um caso isolado. Refletir sobre a desigualdade na educação só pode nos levar a uma conclusão: já passou da hora de haver equidade para mudar esse sistema presente há tempos, e por mais que deva ser um direito de todo cidadão, a educação se veste como privilégio.


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